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2012 - Livro Vermelho 2013

Euploca salicoides (Cham.) J.I.M.Melo & Semir LC

Informações da avaliação de risco de extinção


Data: 18-09-2012

Criterio:

Avaliador: Daniel Maurenza de Oliveira

Revisor: Tainan Messina

Analista(s) de Dados: CNCFlora

Analista(s) SIG:

Especialista(s):


Justificativa

Euploca salicoides é um arbusto não é endêmico do Brasil. Ocorre em 5 biomas brasileiro e em diversas formações vegetacionais. A EOO foi bastante superior 20.000 km², sendo categorizada sem risco de extinção.

Taxonomia atual

Atenção: as informações de taxonomia atuais podem ser diferentes das da data da avaliação.

Nome válido: Euploca salicoides (Cham.) J.I.M.Melo & Semir;

Família: Heliotropiaceae

Sinônimos:

  • > Heliotropium salicoides ;
  • > Schleidenia strictissima ;
  • > Schleidenia incana ;
  • > Schleidenia glomerata ;
  • > Schleidenia salicoides ;
  • > Schleidenia macrantha ;
  • > Schleidenia clausseni ;

Mapa de ocorrência

- Ver metodologia

Informações sobre a espécie


Notas Taxonômicas

Descrita em Kew Bull. 64(2): 289. 2009. Nome popular: "crista de galo" (Melo; Semir, 2010).

Distribuição

Não é endêmica do Brasil; Ocorre na porção oriental da Bolívia, nordeste da Argentina e Paraguai; no Brasil ocorre nos Estados do Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul; até 1600m de altitude (Melo et al. 2012; Melo; Semir, 2010).

Ecologia

Caracteriza-se por subarbustos ou arbustos, de 20-90 cm de altura, eretos, prostrados, ou raramente escandentes; coletada com flores e frutos praticamente o ano todo (Melo; Semir, 2010).

Ameaças

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes Mais de 25 milhões de pessoas, aproximadamente 15% da população do Brasil, vivem na Caatinga. A população rural é extremamente pobre e os longos períodos de seca diminuem ainda mais a produtividade da região, aumentando o sofrimento da população. A atividade humana não sustentável, como a agricultura de corte e queima que converte, anualmente, remanescentes de vegetação em culturas de ciclo curto além do corte de madeira para lenha, a caça de animais e a contínua remoção da vegetação para a criação de bovinos e caprinos tem levado ao empobrecimento ambiental, em larga escala, da Caatinga. Os bovinos e caprinos foram introduzidos pelos europeus no início do século XVI e rapidamente devastaram a vegetação da Caatinga, não adaptada à pastagem intensiva. O número estimado de cabeças desses animais, atualmente, é de mais de 10 milhões e já são reconhecidos núcleos de desertificação associados ao sobrepastejo e, principalmente, ao pisoteio dos mesmos. Desde o início da colonização européia, as áreas de solos mais produtivos também foram convertidas em pastagens e culturas agrícolas. As florestas de galeria foram largamente substituídas por formações abertas nos últimos 500 anos, afetando o regime de chuvas local e regional e levando ao assoreamento de córregos e até mesmo de grandes rios. Rios anteriormente navegáveis, que permitiam o transporte de animais e madeira do interior do país, estão, agora, sazonalmente secos. Por fim, as técnicas de irrigação desenvolvidas nas últimas décadas para a fruticultura e plantações de soja têm acelerado o processo de desertificação. Todos esses usos inapropriados do solo têm causado sérios danos ambientais, p. ex., a desertificação já atinge 15% da área da região e ameaçado a biodiversidade da Caatinga (Leal et al., 2005).

1.1 Agriculture
Detalhes A degradação do solo e dos ecossistemas nativos e a dispersão de espécies exóticas são as maiores e mais amplas ameaças à biodiversidade. A partir de um manejo deficiente do solo, a erosão pode ser alta: em plantios convencionais de soja, a perda da camada superficial do solo é, em média, de 25 ton/ha/ano. Aproximadamente 45.000 km2 do Cerrado correspondem a áreas abandonadas, onde a erosão pode ser tão elevada quanto a perda de 130 ton/ha/ano. O amplo uso de gramíneas africanas para a formação de pastagens é prejudicial à biodiversidade, aos ciclos de queimadas e à capacidade produtiva dos ecossistemas. Para a formação das pastagens, os cerrados são inicialmente limpos e queimados e, então, semeados com gramíneas africanas, como Andropogon gayanusKunth., Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A. Rich) Stapf, B. decumbens Stapf,Hyparrhenia rufa (Nees) Stapf e Melinis minutiflora Beauv. (molassa ou capim-gordura). Metade das pastagens plantadas (cerca de 250.000km2 - uma área equivalente ao estado de São Paulo) está degradada e sustenta poucas cabeças de gado em virtude da reduzida cobertura de plantas, invasão de espécies não palatáveis e cupinzeiros (Klink; Machado, 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A Mata Atlântica já perdeu mais de 93% de sua área e menos de 100.000 km² de vegetação remanesce. Algumas áreas de endemismo, como Pernambuco, agora possuem menos de 5% de sua floresta original. Dez porcento da cobertura florestal remanescente foi perdida entre 1989 e 2000 apenas, apesar de investimentos consideráveis em vigilância e proteção. Antes cobrindo áreas enormes, as florestas remanescentes foram reduzidas a vários arquipélagos de fragmentos florestais muito pequenos, bastante separados entre si. As matas do nordeste já estavam em grande parte devastadas (criação de gado e exploração de madeira mandada para a Europa) no século XVI. As causas imediatas da perda de habitat: a sobrexplotação dos recursos florestais por populações humanas (madeira, frutos, lenha, caça) e a exploração da terra para uso humano (pastos, agricultura e silvicultura). Subsídios do governo brasileiro aceleraram a expansão da agricultura e estimularam a superprodução agrícola (açúcar, café e soja). A derrubada de florestas foi especialmente severa nas últimas três décadas; 11.650km2 de florestas foram perdidos nos últimos 15 anos (284 km² por dia). Em adição à incessante perda de hábitat, as matas remanescentes continuam a ser degradadas pela extração de lenha, exploração madeireira ilegal, coleta de plantas e produtos vegetais e invasão por espécies exóticas (Tabarelli et al., 2005).

1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
Detalhes A área total deCampos no sul do Brasil era 18 milhões de ha, ao passo que em 1996 a área estava em 13,7 milhõesde ha (i.e. 23,7% da área total dessa região), sendo 10,5 milhões ha noRio Grande do Sul (área total: 28,2 milhões ha), 1,8 milhão ha em Santa Catarina(área total: 9,6 milhões ha) e 1,4 milhão ha no Paraná (área total: 20 milhõesha). Um decréscimo de 25% da área total dos campos naturais ocorreu nos últimos30 anos devido a uma forte expansão das atividades agrícolas. Houve um aumentosignificativo na produção de milho, soja e trigo, o que se deu às custas doscampos naturais, além da produção de arroz. Atualmente os três Estados daregião sul do Brasil produzem 60% do arroz no Brasil. O cultivo de árvoresexóticas tem recebido muitos incentivos, tanto das indústrias privadas quantodo governo, para a produção de celulose principalmente. Particularmente noscampos do Planalto Sul-Brasileiro, áreas que antes eram utilizadas com apecuária foram transformadas em plantações de Pinus sp. de grandesextensões, essas densas monoculturas não permitem o crescimento de plantas nosub-bosque, o que agrava significativamente os danos causados por estaatividade. Na região sul do Rio Grande do Sul também há a pressão exercida peloplantio de Eucalyptus sp., tambémlevando à perda de espécies campestres. A intensificação dos sistemas de produção pecuáriatem levado ao aumento na área de pastagens cultivadas. Apesar da altaprodutividade e potencial forrageiro de muitas espécies nativas, elas não sãoexploradas comercialmente e as pastagens cultivadas são produzidasprincipalmente com espécies exóticas. Outra forte ameaça é o sobrepastejo, quepossui conseqüências negativas para a cobertura do solo, facilitando adegradação em regiões com condições de solos vulneráveis, acelerando o processode erosão. Apenas 453km² dos Campos Sulinos estão protegidos em Unidades deConservação de proteção integral, o que equivale a menos de 0,5% da área total destaformação vegetal. A maior parte deste percentual está nos mosaicosde Campos e floresta com Araucária, nos Parques Nacionais dos Aparados daSerra, da Serra Geral e de São Joaquim (norte do RS e SC) (Overbeck et al., 2009).

1.1.4.3 Agro-industry
Detalhes Atualmentea base da economia da região do Pantanal é a criação extensiva de gado paracorte, uma vez que a agricultura é pouco recomendada, devido principalmente àsenchentes periódicas e aos solos pouco férteis. A atividade turística vem seexpandindo nos últimos anos, e mais recentemente, em alguns municípios da BAP,têm sido instalados alguns empreendimentos de mineração. Em geral,a pecuária nessa região não apresenta tratos culturais específicos, ocasionandodegradação do solo, principalmente erosão e compactação, além de incêndios,queimadas e desmatamentos para estabelecimento de pastagens.Além disso, a fiscalização precária associada ao desconhecimento da legislaçãoe à falta de conscientização sobre a importância ambiental da região, permitemque atividades predatórias como a pesca e a caça clandestina sejam uma ameaça,exercendo grande pressão sobre a fauna, principalmente nos períodos reprodutivos. As atividades mineradoras, além de gerarem forte impactovisual, causam assoreamento e modificam a trajetória dos corpos d'água,contaminando as bacias com dejetos de diferentes origens e intensificandoprocessos erosivos, com conseqüente descaracterização da paisagem. Esse processo de colonizaçãoaliado à implantação de grandes projetos econômicos, como o gasodutoBrasil-Bolívia, vêm sistematicamente modificando a paisagem pantaneira. A remoção da vegetação, principalmente nos planaltos onde se situamas nascentes dos rios que formam o Pantanal, tem acelerado a destruição doshabitats, sendo a principal causa do assoreamento dos rios na planície e daintensificação das inundações (Harris etal., 2005).

Ações de conservação

4.4.3 Management
Observações: Ocorre em Unidade de Conservação (SNUC): Parque Nacional de Brasília, no Distrito Federal (CNCFlora, 2011).

1.2.1.3 Sub-national level
Observações: Espécie considerada Rara pela Lista vermelha da flora do Paraná (SEMA/GTZ-PR, 1995).

Referências

- MELO, J.I.M.; SILVA, L.C.; STAPF, M.N.S.; RANGA, N.T. Euploca salicoides in Euploca (Boraginaceae) in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Disponivel em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/FB105122>.

- MELO, J.I.M.; SEMIR, J. Taxonomia do gênero Euploca Nutt. (Heliotropiaceae) no Brasil., Acta Botanica Brasilica, v.24, p.111-132, 2010.

- LEAL, I.R.; SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; LACHER JR., T.E. Mudando o curso da conservação da biodiversidade na Caatinga do Nordeste do Brasil., Megadiversidade, p.139-146, 2005.

- KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro., Megadiversidade, p.147-155, 2005.

- TABARELLI, M.; PINTO, L.P.; SILVA, J.M.C.; ET AL. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira., Megadiversidade, p.132-138, 2005.

- OVERBECK, G.E.; MÜLLER, S.C.; FIDELIS, A. ET AL. Os Campos Sulinos: um bioma negligenciado. In: PILLAR, V.P.; MÜLLER, S.C.; CASTILHOS, Z.M.S.; JACQUES, A.V.A. Campos Sulinos: conservação e uso sustentável da biodiversidade. p.26-41, 2009.

- HARRIS, M.B.; ARCANGELO, C.; PINTO, E.C.T. ET AL. Estimativas de perda da área natural da Bacia do Alto Paraguai e Pantanal Brasileiro., Campo Grande, 2005.

- Banco de Dados do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). Disponivel em: <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/>. Acesso em: 2011.

- SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE/DEUTSCHE GESSELLSCHAFT TECHNISCHE ZUSAMMENARBEIT (SEMA/GTZ). Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, Curitiba, PR, p.139, 1995.

Como citar

CNCFlora. Euploca salicoides in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2 Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em <http://cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Euploca salicoides>. Acesso em .


Última edição por CNCFlora em 18/09/2012 - 16:39:45